sábado, 13 de novembro de 2010

A minha Via!


Eugénio a massacrar o André



Dissertação da autoria do convidado Evgeniy Domin (Eugénio)
 

Bem, aqui o André pediu-me para escrever um texto sobre o aikido.

Como o nosso amigo Alexandre já explicou o que é o aikido, acho que não faz muito sentido estar a repetir-me.
Posso dizer que partilho o mesmo sentimento em relação ao aikido e como as alterações que as horas que temos no "tapete" nos influenciam.

O que poderia mais ser dito? Sinceramente não sei, portanto vou contar a minha caminhada no mundo das artes marciais no geral, e no aikido em particular.

A primeira vez que vesti um kimono (ainda na Ucrânia) tinha 6, 7 anos. Treinei karate uns anos até sair do país e, segundo me diziam, tinha jeito para a coisa. Chegando a Portugal estive uns anos parado até que apareceu a oportunidade de voltar a treinar karate, outro estilo, mas lá no fundo para um puto daquela idade pouca diferença fazia. Lá fui, todo contente, e algum tempo depois fiz exame para cinto amarelo. Pouco tempo depois o clube onde eu treinava fechou.

Chateado com a situação decidi começar a frequentar um ginásio. Os meus pais levaram-me então ao ginásio onde treino e dou treinos até hoje e, ao ver as modalidades existentes, o meu pai sem hesitar disse que eu ia fazer aikido, porque um dia ele tinha visto um vídeo do O'Sensei e tinha achado aquilo formidável.
Seguidamente os meus pais levaram-me lá para falar com o professor, apanhámos o fim do treino e estive todo entusiasmado a ver o pessoal a fazer umas projecções e quedas que me despertaram grande interesse na coisa.

Depois de conversar com o Nelson (o meu sensei desde sempre e Presidente da ACPA), que ficou um pouco surpreso por ter que lidar com um miúdo de 12 ou 13 anos, comecei a treinar.

Após os primeiros meses a aprender a parte chata, e para a qual eu não tinha jeito nenhum (quedas), comecei a gostar do que fazia e a perceber que estava a conhecer uma nova família, primeiro no dojo, e com tempo na Federação graças aos estágios e encontros.
Posso dizer que passados 2 ou 3 anos de treino já não me imaginava sem levar com as bocas dos meus colegas que conseguiam fazer com que eu saísse do treino sempre bem-disposto, independentemente do estado de espírito com que subia para o tapete, era o tal reset que o Alexandre referia.

O treino foi trazendo momentos felizes e menos felizes pois quando se superava algum erro aparecia sempre outro, e outro, isso chateava-me pois eu não conseguia perceber porque é que não se conseguia aprender tudo de uma vez, (acho que numa altura do treino todos os praticantes sentiram o mesmo). Essa frustração foi desaparecendo com o tempo visto que comecei a perceber que o que se passava comigo era normal.

Chegou ao dia em que tinha a hipótese de realizar um dos sonhos de criança. Chegou o dia do exame de cinto negro, o dia pelo qual eu esperava com grande ansiedade. Correu normalmente mas será um momento que nunca esquecerei, ate porque o júri constituído pelos senseis que me foram instruindo nos estágios, durante o anúncio das graduações perderam o meu nome, sinceramente, no momento em que eu esperava ouvir o meu nome e ouvi o nome dum colega meu. Caiu-me tudo.
Pois não senti que tinha feito exame para não passar logo ali naquele momento sem ter que repetir alguma coisa. Mas pronto lá se resolveu e no fim de tudo fui o mais aplaudido. :)

E pronto cá andamos, ainda hoje, a tentar ultrapassar os erros que ainda sobram…


Dissertação da autoria do convidado Evgeniy Domin (Eugénio) 


Nota do blogueiro:

O Eugénio é ucraniano mas está em Portugal desde pequenino. Por isso, é quase mais português do que propriamente ucraniano. Pouco mais novo que eu, está no 3º ano de Engenharia de Electrónica e Telecomunicações e de Computadores (que nome) no ISEL. Portanto, será certamente um Sinhor Inginheiro do mais alto gabarito.

Com a graduação de 1º Dan, já há algum tempo que dá aulas de Aikido no Ginásio Corpos - 7 casas, em Loures, como assistente e aluno mais graduado do seu sensei Nelson.

O Eugénio e eu, não só pela idade próxima que temos como também pela convergência de ideias sobre a arte, somos bons amigos de tapete e partilhamos um gosto imenso não só em treinar juntos como divagar em longas conversas sobre Aikido e sobre a vida.

Um bom companheiro o Eugénio. Tem sido, sempre.

Obrigado, meu amigo, por teres participado no meu singelo blogue.

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