quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Chuteiras penduradas


Rodrigo Batalha à direita na imagem


Há clubes de menor nomeada que por tricas alheias aos jovens jogadores usam-nos como arma de arremesso nas suas quezílias.

É o que jovens jogadores e seus pais vieram denunciar via jornal Record numa reportagem de duas páginas.

Reza a história que o jogador Diogo Martins de 16 anos, atleta do CAC (Clube Atlético e Cultural, da Pontinha), depois de ter a hipótese de ir jogar para o Casa Pia, não é libertado pelo primeiro clube sem antes receber mil euros em troca. Ora, como o Casa Pia e o CAC têm umas quaisquer divergências, um não liberta o jogador sem receber o pingo e o outro não está disposto a largar a nota. É que, e cito livremente, «há clubes com que nos damos bem, há outros que não... portanto uns pagam, outros não», sublinha Vítor Cacito, Presidente do CAC.

Como entre clubes não havia consenso, lá teve de ser o pai do Diogo Martins a desembolsar 700 e tal euros (conseguiu baixar ligeiramente a verba, entretanto).

O Presidente do CAC alega que é para compensar as despesas que tem com estes jogadores, referindo nomeadamente o pagamento de água e luz, o que é engraçado. Já o pai do jogador deve-se ter rido desalmadamente e responde que às vezes os próprios pais é que tinham de levar os jogadores aos campos do adversário nas suas viaturas particulares, por exemplo.

Até aqui tudo bem, mas o grande problema que se coloca é que há pais que obviamente não têm disponibilidade financeira para andar a brincar às transferências como se estivessem a jogar Football Manager e, por outro lado, o facto do não ata nem desata fazer com que estes jovens jogadores fiquem meses a treinar nos seus novos clubes mas sem depois poder competir ao fim-de-semana.

Trago isto à baila pois dos três jogadores referidos nesta reportagem um deles conheço pessoalmente. O Rodrigo Batalha, filho de um bom colega e amigo meu do Aikido.

O Rodrigo está numa situação em tudo semelhante ao do jovem Diogo Martins, mas preso ao GS Loures. Também com uma verba a pagar de mil euros.

«O que me apetece dizer sobre a situação é que é indigno. Nós gostamos de jogar futebol e lutamos por aquilo que queremos. A situação podia resolver-se de uma forma simples mas não se resolve», diz Rodrigo ao Record, médio/extremo de 16 anos.

Já o Batalha pai, ao pé-de-atleta, diz que o seu sentimento é de «revolta e pasmo». Primeiro, porque o João Batalha foi inclusive preparador físico do clube. Depois, porque quer pai (no apoio ao clube em matéria de medicamentos e material de enfermagem uma vez que era tudo canalizado para os séniores, entre outros) quer filho (um extremo que nas duas últimas épocas foi o melhor marcador da equipa no seu escalão e considerado um dos melhores jogadores de todos os escalões) muito deram ao clube. Ter agora, como retorno, zero, é o que desgosta a família Batalha: «depois de ter dado tudo ao clube, depois de muitas vezes levar os atletas no meu próprio carro para as deslocações fora de casa, depois do material que levei para a enfermagem, depois de ter lá estado um ano a dar no duro para ajudar os miúdos e consequentemente o clube, não têm a sensatez de dizer: bom, ele até ajudou o clube, vamos ajudar o Rodrigo e deixá-lo sair sem compensação alguma, para ele poder evoluir como jogador e pessoa. Nada! Nem um pingo de sensibilidade com a situação», remata o Batalha pai.

A falta de sensibilidade é tão notória que, na última reunião que Batalha teve com a direcção do clube perguntaram-lhe se «podia ajudar o clube este ano outra vez como preparador físico. É óbvio que perante isto, o meu sentimento é de revolta e pasmo», conclui.

Até no Casa Pia Rodrigo tem mais tempo para os estudos, uma vez que os treinos no clube terminam mais cedo do que acontecia no GS Loures. Mas quero acreditar que será só mais um obstáculo - ultrapassável - na carreira do Rodrigo. Até porque coisa que nunca deixou para trás foram os estudos. Portanto quanto a isso, pessoalmente, estou tranquilo.

O João Batalha brevemente irá mandar aqui no meu espaço umas larachas sobre Aikido. Stay tuned, como diz o outro.


Nota: reportagem Record da edição de 13 de Novembro, passado Sábado, pelo jornalista Miguel Amaro.

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