sábado, 31 de julho de 2010

Curioso, curioso



Subiu a pulso. Merecido.

domingo, 25 de julho de 2010

A minha botija de oxigénio


(André e A. Vermeulen)


Este fim-de-semana tive, uma vez mais, oportunidade de oxigenar a minha vida. Chamando os bois pelos nomes falo, claro, de aikido.

Porque efectivamente uma coisa é transmitir conhecimento (que o faço; bem ou mal, faço), outra completamente diferente é adquiri-lo. É verdade que na transmissão de conhecimento também se adquire e se granjeia conhecimento, mas claro, é diferente.

Quando no treino de aikido nos é indicado um caminho, uma via; um trajecto, um objectivo; conhecimento e sabedoria, somos automaticamente invadidos pelo espírito aiki. Como que uma aura.

Essa aura, essa força espiritual, se assim se quiser chamar, é apanágio dos grandes mestres. Daqueles que respiram e transpiram aikido. Vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Dentro do tapete, fora do tapete. Com a mulher, com a namorada. No emprego. No relacionamento com aquele tipo que não conheço de lado algum. Numa energia negativa (ou positiva) que se dirige na minha direcção. Apanágio daqueles que, pegando num conjunto de praticantes, os acolhe como sendo parte da sua família, como sendo seus filhos.

Esta aura é apanágio daqueles que estão já num outro patamar e que têm um conhecimento profundo - e muitos anos... - da arte. Faz não muitos dias, um desses grandes mestres nos deixou: sensei Nobuyoshi Tamura.

Mas outros continuam por cá, a transmitir e a empenharem-se e a darem de si para que outros tenham a oportunidade de, talvez um dia, poderem vir a ser completamente inundados pelo espírito aiki de uma forma total. Nesse dia, transformar-nos-emos em aikidocas vivos. É um privilégio poder treinar com estes mestres.

E por isso, chamando os bois pelos nomes, muito obrigado sensei Antoine Vermeulen por mais um fim-de-semana repleto de aikido.



Adenda (31-07-2010) - excepcionalmente traduzido para inglês:

My bottle of oxygen
I had the chance this weekend, once again, to oxygenate my life. Calling things like they should be called, I’m talking about aikido, of course.

Because indeed one thing is to transmit knowledge (which I do; in a good way or a bad one, I do it), another completely different is to acquire it. It’s true that in transmitting knowledge one can also acquire it, but of course, it’s different.

When in aikido training we are shown a way, a path; a road, an objective; knowledge and wisdom, then we are automatically taken by the aiki spirit. Like an aura.

This aura, this spiritual force, if you’d like to call it that way, is an attribute of great masters. Of those that breath and transpire aikido. Twenty four hours a day, seven days a week. On the mat, and off of it. With wives or with girlfriends. In jobs. In relationships with this or that guy that I’ve never seen before. In a negative (or positive) energy that is directed towards me. Attribute of those that, taking a set of practitioners, welcomes them as part of their family, like if they were their children.

This aura is an attribute of those that already are in another level and have a deep knowledge – and many years… - of this art. Not long ago, one of these grand masters left us: Nobuyoshi Tamura sensei.

But others remain here, transmitting and committing themselves so others may have the opportunity, perhaps one day, of being completely overwhelmed by the aiki spirit in a complete way. Then, we will transform ourselves in living aikidoka beings. It is a privilege to be able to train with these great masters.

So, calling things like they should be called, thank you very much Antoine Vermeulen sensei, for another weekend fulfilled with aikido.

A tarimba dos grandes treinadores



Paulo Sérgio começa bem. E deixa excelentes indicações.

É assim que o treinador começa a ganhar o plantel, mesmo que venha a perder um jogador, ainda que o melhor do grupo. Porque mais importante do que ganhar um jogador, é ganhar todo um plantel.

Está, para já, na via mais que certa.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O caso Roberto



É certo que Roberto tem falhado.

Mas não é admissível largar oito milhões de mocas e meia por um guarda-redes, quer ele falhasse ou não. Guarda-redes capazes de não falhar, a metade do preço, não devem faltar por aí.

E convenhamos, Roberto foi quase sempre um suplente.

Manterei o aqui escrito mesmo que o homem comece a dar pontos ao Benfica com grandes exibições.

Dever-se-ia ter contratado um guarda-redes capaz de fazer as ditas grandes exibições (se vierem a acontecer...) por metade do preço, ou perto.

Mas eles lá sabem...

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Desejos secretos

Uma dream team

[Bebeto e Romário no Mundial de 94. Uma dupla que deixa saudade, no mínimo]



Só com jogadores do "meu tempo" ou que me lembro de ter visto jogar. Afinal de contas, sou novo, mas ainda consigo meter ali no centro da defesa o Matthäus.

Guarda-redes: Peter Schmeichel. No banco Michel Preud'homme, Taffarel (inesquecível este brasileiro) ou o Barthez.

Na defesa: à esquerda Roberto Carlos. À direita Cafú. No eixo da defesa Matthäus e Cannavaro.

No meio-campo como trinco colocaria Guardiola ou Didier Deschamps. Os interiores, Figo de um lado, Iniesta do outro. O 10 é o Zidane, claro. Com o Rivaldo a ficar no banco.

Mais à frente: Claro, Ronaldo Fenómeno e Romário. Com o Bebeto e o Bierhoff no banco.

Seria um 4-4-2, vá.

Fantásticos jogadores. E esqueci-me de muitos, claro.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Constatando um facto



Pedro Passos Coelho sabe mediatizar-se. Manuela Ferreira Leite (por exemplo) não sabia. Ou melhor, Pedro Passos Coelho, por mérito próprio, juntamente com a sua equipa e com o seu staff sabe mediatizar-se. Manuela Ferreira Leite, por culpa própria (digo eu), e porventura por culpa de um staff deficiente, não soube mediatizar-se.

O que é isso hoje de política sem andar de braço dado com os meios de comunicação? Nada. Ou perto.

Temos homem mediático (Sócrates também o é). Falta saber se temos político; esta espécie em vias de extinção.

Hint: Soares gosta dele.

O manual de reflexões



Normalmente, por regra, habitualmente e frequentemente nos regemos na vida de acordo com princípios-base, de acordo com os nosso valores e, em teoria, by the book (mesmo quando não é by the book aos olhos dos outros, é by OUR book, e esse é o ponto aqui em causa). O problema está quando se nos depara questões delicadas, de difícil trato, com curvas e contracurvas e nós, só de olhar de esguelha, vemos o quão perigoso o filme se pode tornar caso caiamos lá para baixo. E raios, que deve doer à fartasana. Lá para baixo é que não quero ir de certeza!

E, por isso, o engraçado da vida é quando não temos ao nosso dispor como que um manual de instruções, capaz de facilmente nos indicar o rumo certo; capaz de ao problema A a solução adequada ser a B. Um manual capaz de nos dotar de precisão, de exactidão, de accuracy.
Nestes momentos, temos tão-somente antes uma espécie de manual de reflexões. Um mais um não é dois, e três vezes cinco não é quinze. Estamos perdidos, queremos resolver a equação, mas nem de cabeça e nem com máquina de calcular há maneira de chegar a uma solução.

Não há solução. Quando muito há reflexão. A solução é a vida! Carrega, Homem!

sábado, 17 de julho de 2010

A "minha" equipa de futsal

(Da esquerda para a direita: Bruno, Gama, Luís, João e André)




Jogamos juntos, com regularidade, talvez para aí há 2 anos já. Fim-de-semana após fim-de-semana. Domingo após Domingo. Mas já nos conhecemos há muitos mais anos que isso. Uns desde infância, outros desde os tempos de escola (viemos todos da mesma, de qualquer maneira). All in all, são muitos anos.

Talvez seja isso que faça com que a nossa equipa seja uma verdadeira equipa. Não sobressaem individualidades. Joga-se, em regra, sempre pelo colectivo. E esse é um ponto importante para a manutenção desta equipa que, não sendo brilhante, é esforçada e leva um trajecto claro de evolução, principalmente no plano táctico. Melhor posicionamento, melhor leitura de jogo, melhores movimentos (transições) ofensivos em bloco, melhores movimentos (ou transições) defensivos em bloco e melhor cultura e consistência táctica. Deixou de haver baratas tontas (há 2 anos) para haver agora um sumo táctico. Enfim, como digo, não é uma equipa de estrelas, mas é uma equipa que pelo seu conjunto é capaz de deitar abaixo qualquer equipa com estrelas. O nosso colectivo, quando funciona pode ser realmente... demolidor. Faltará só mantê-lo a um nível alto de uma forma mais regular e constante. Tirando isso, dá orgulho jogar nesta equipa.

Vou tentar definir agora, jogador a jogador, da forma mais imparcial que me é possível.


Bruno Cruz, o Versátil - O Bruno é o mais novo de todos nós. Tem 15, 16 anos. E por isso mesmo, será talvez o jogador com maior margem de evolução. Jogador também de rugby, soube trazer desse desporto as suas melhores qualidades para o futebol, como a garra e o espírito aguerrido. Não sendo um jogador especialista em nenhuma acção, este canhoto executa qualquer movimento com qualidade, seja o remate, o passe, seja a corrida, seja um corte; tanto ataca com qualidade, como defende com qualidade. Um verdadeiro box-to-box, com as qualidades e os defeitos daí inerentes.

Pontos +


  • Versátil. Mostra-se sempre útil em qualquer papel que tenha que desempenhar;

  • Raramente erra;

  • Vai à luta. É difícil vê-lo desistir de um lance. Aguerrido!

  • Tem gosto pelo jogo. Vontade em aprender sempre mais.

Pontos -



  • Versátil. Bom em tudo, mas especialista em nada. No limite, poderá ser um defeito. Mas é discutível, sem dúvida. Dependerá, claro, da equipa em que joga (neste caso, sempre na mesma...).


Francisco Gama, o Matador - O Gama é o finalizador de serviço. Tem no enfiar a bola para dentro da baliza o seu maior prazer (e quem o pode condenar?) e fá-lo com distinção. Alto, possante, forte, é o verdadeiro ponta-de-lança desta equipa (fosse isto futebol 11...). Escondendo a bola com qualidade, consegue arrastar vários jogadores com ele. É um jogador talhado para jogar na área adversária, entre os "centrais", ou mesmo capaz de vir buscar jogo um pouco mais atrás. Ofensivamente completo. Terá como desvantagem alguma desconcentração ou falta de rigor defensivo. Tem tendência a tornar alguns lances inconsequentes.

Pontos +



  • Marca golos. Tão simples como isso: enfia a bola lá para dentro. Seja em lance individual, seja em jogada construída, quando frente a ele só está a baliza, a tendência é para que a bola entre. Facilidade genuína em marcar golos. Finalizador nato;

  • Capaz de arrastar vários jogadores com ele. Combativo. Gasta as defesas contrárias;

  • Forte ofensivamente.

Pontos -



  • Por vezes, falta de rigor defensivo. Algum desleixo, porventura. Tendência a poupar-se para dar o máximo ofensivamente. Mas o jogo é feito dos dois momentos: atacar e defender;

  • Depois de arrastar a equipa adversária com ele, é capaz de tornar o lance completamente inconsequente;

  • Dificuldade em soltar a bola para um colega em condições quando isso se configura como a melhor solução possível num dado momento;

  • Visão em túnel.

João Cunha, o "Polga" - A alcunha que dou aqui ao João, o Polga, resume um pouco este atleta: é capaz do melhor e do pior. É capaz de fazer jogos com uma verdadeira clean sheet mas depois é capaz de no jogo seguinte estar completamente desconcentrado e cometer erros atrás de erros, ainda que a maioria não sejam, obviamente, fatais. É o Polga também, por ser claramente o jogador mais defensivo. Competente na defesa, peca por não trazer grande acrescento à equipa no momento ofensivo. Sendo porventura o jogador menos tecnicista da equipa, é sem dúvida o que mais evoluiu ao longo do tempo em que a mesma joga junta. O seu gráfico de evolução apresenta-se manifestamente com uma curva em crescendo. É por isso desejo de toda a equipa que o gráfico continue como tem estado nos últimos tempos: a subir. Devagarinho, mas a subir.

Pontos +



  • Entrega ao jogo, quando quer, tem verdadeira garra;

  • Defensivamente consegue ser intransponível, em dias sim;

  • Jogador em evolução constante. Vontade de aprender, vontade de aperfeiçoar, esforça-se nesse sentido, e os resultados estão à vista de todos: saldo positivo.

Pontos -



  • Participação na manobra ofensiva da equipa muita das vezes de forma deficiente;

  • Capaz de cometer erros de palmatória (todos cometemos, mas neste caso, mais que o usual, mas tem vindo, claro, a diminuir);

  • Por vezes, fica à margem do jogo, aluado emocionalmente. Inconstante.

André Fiúza, o Construtor - O André (que sou eu) vai controlando os ritmos de jogo. Temporizador da equipa: acelera quando é preciso, abranda quando necessário. Tem no passe a sua maior paixão. Fá-lo com qualidade, e de forma escalável: curto, longo, em profundidade, rápido, lento. Passe cirúrgico, se necessário for. Competente a atacar, esforçado a defender. Difícil de ultrapassar no um para um. Sabe rematar. Não sendo um finalizador nato, vai marcando e dá a marcar. Com a bola nos pés, dificilmente arranja problemas. Especialista a arranjar soluções, ainda que não seja uma directa para o golo. Grita com os companheiros, por amor à equipa.

Pontos +



  • Passe cirúrgico, escalável consoante as necessidades;

  • Forte no choque, só cai ao chão quando procura a falta. Pequeno, mas possante, esconde a bola com qualidade;

  • Capaz de marcar golos de difícil execução;

  • Ainda que não sendo especialista com o pé "cego", é capaz de jogar com qualidade com ambos os pés.

Pontos -



  • Qualidade deficiente no jogo aéreo, nomeadamente em lances divididos: mau posicionamento, má leitura do lance, e mau timing de abordagem;

  • Falta-lhe a frescura física, por vezes, para subir e descer constantemente. Algum desleixo à mistura, porventura, no momento defensivo (na transição, e nunca no acto de defender);

  • No momento ofensivo tem tendência a ser um jogador de segunda linha, à espera de um passe atrasado ou espaço para um remate de meia-distância. Poderá ser negativo caso seja exigida a sua presença mais à frente (e que às vezes é), junto aos "centrais", como "poste".

  • Capaz de falhar golos de fácil execução.

Luís Cruz, o Sprinter - O Luís tem na velocidade a sua maior arma. É rápido, mas não é só rápido: é-o consistentemente. Não sendo um jogador deslumbrante, consegue ser competente em todos os momentos do jogo. Está sempre presente, sempre disponível, sempre concentrado. Faltará talvez nalguns momentos melhores execuções técnicas, ficando sempre a ideia de ficar aquém das suas verdadeiras potencialidades. Esguio, é uma "carraça" que não larga facilmente o adversário. Não passa ao lado dos jogos.

Pontos +



  • Veloz.

  • Impetuoso. Presença firme nos jogos. Não me recordo de um jogo que lhe tenha passado ao lado. Concentração constante.

  • Disponível e solidário com a equipa, quer no momento ofensivo, quer no defensivo.

  • Quando lhe calha a vez de ir à baliza, é quem desempenha o papel com maior segurança e disponibilidade.

Pontos -



  • Não passa ao lado dos jogos, mas, ao mesmo tempo, raramente sobressai. Faz o seu trabalho bem feito e ponto final (nem sei bem se isto é ponto positivo ou negativo; será ponto neutro, talvez);

  • Por ser efectivamente veloz, usa e abusa dessa qualidade, perdendo-se por vezes em corridas sem nexo, ficando sozinho e à mercê do adversário, originando lances inconsequentes. (Ou será a equipa que não tem estaleca para acompanhar os rasgos do Luís? A reflectir);

  • A pontaria do remate não parece ser a melhor muita das vezes. Talvez também porque muita das vezes remata em esforço no seguimento das suas arrancadas. Não parece ser uma arma efectiva, apesar de marcar golos também, obviamente.


Esta é a "minha" (nossa) equipa de futsal. Com muitos defeitos mas também com muitas virtudes. Tem como maior defeito a baixa circulação de bola. Filosofia absolutamente essencial no futsal onde os espaços não abundam e é fácil cair um adversário rapidamente sobre nós. Tem como maior virtude o facto de os 5 jogadores serem uma verdadeira equipa, unida e solidária. Também existem zangas, mas qual é a família que não as tem? O que conta não são as zangas, mas antes a união e a força que faz com que a equipa, a família, os amigos continuem. Carrega equipa!



ADENDA:


Este post tem uma história engraçada. Estava na gaveta, pronto, há quase uma semana. Não o postei logo pois faltava dar-lhe uns retoques e também por falta de "foto de grupo". Por estar na gaveta, comentei com os meus mates que andava de volta de uma dissertação sobre a nossa equipa. Todos curiosos e entusiasmados, conversámos por alto uns com os outros sobre os pontos + e os pontos - de cada um e da equipa. Depois de uma (ou várias) conversas, posso garantir que o nosso último jogo, na passada quarta-feira, foi dos melhores a que já assisti e tive o prazer de jogar. Não só porque sofremos efectivamente muito poucos golos e porque marcámos bem mais do que o normal, mas principalmente porque muitos dos pontos - que aqui refiro simplesmente, nesse jogo, ficaram sem efeito. E que orgulho que isso deu!

Se é verdade que um só jogo não é sinónimo de um novo paradigma, também não é menos verdade que me parece que as portas ficaram escancaradas para se atingir esse novo paradigma: o do rigor, o da circulação de bola com qualidade, o da temporização, o de poucos erros cometidos.

Não tendo nós treinos, é para isso justamente que serve dialogar de forma séria e construtiva: para limar arestas e para evoluir. Tudo em prol de um grupo mais triunfante, dentro e fora do campo! Carrega equipa!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A inevitável música do momento



De notar as mais de cem milhões de visualizações (isso mesmo) assim como bonitas imagens de antigos Mundiais. Desconhecia o video clip oficial, mas que está bonito, admito que sim. Enjoy!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Freitas Lobo



Para mim, Luís Freitas Lobo é o melhor comentador português de futebol de todos os tempos. Depois de nomes como Rui Tovar ou Gabriel Alves, penso que é Freitas Lobo quem tem melhor clarividência e conhecimento futebolístico que permite àquele que o ouve ou lê - que tenha já um conhecimento médio de futebol, vamos assim dizer - tomar conhecimento com algumas peças de um puzzle que por vezes pode ser um pouco mais complexo do que um simples 4-4-2 ou 4-3-3. Só para dar um exemplo, para Freitas Lobo, no futebol nem existe sorte ou azar; existe sim é gestos técnicos bem executados, ou mal executados. E, pensando bem, é bem capaz de ter razão.


É verdade que hoje comentadores na nossa praça não faltam, e são de sublinhar, a meu ver, nomes como Bruno Prata ou António Tadeia, e até Carlos Daniel que, não sendo comentador, muito contribui para uma análise futebolística bem mais clara. O facto de todos estes nomes terem ligação à RTP é um mero acaso; mesmo.


Feito este ponto prévio, julgo que Freitas Lobo tem dois defeitos. Pois claro; não há bela sem senão... O Figo também foi (ou é) pesetero e Ronaldo (pelo menos para aqueles que pouco percebem de futebol e preferem a versão cor-de-rosa do mesmo) nem sempre é consensual. E que diabo, até o Zidane agrediu um jogador na sua última partida de sempre. Portanto, dizia eu, não há bela sem senão.


O primeiro defeito de Freitas Lobo, se me é permitido apontá-lo, é semelhante às birras que Ronaldo faz quando falha um drible ou quando o árbitro não lhe assinala a falta que ele tanto se esforçou para cavar. Freitas Lobo, quando opina em simultâneo com outros comentadores, e quando a sua opinião não é consensual no auditório - é raro, mas acontece -, Freitas Lobo desconcentra-se um pouco emocionalmente, mas, pior, parece não aceitar bem quando é criticado ou quando não existe convergência de ideias. É pena, e podia e devia estar bem acima disso. Mas este defeito é o menos importante. Adiante.


Freitas Lobo é contra os meios tecnológicos (pelo menos grosso modo) no futebol. Diz ele que pararia muito o jogo. Que haveriam muitas quebras. Etc.


Quer dizer, é uma falácia pura dizer que no futebol não existem paragens. E que no ténis, ok, porque pára muito. No futebol o tempo regulamentar é de 90 minutos. Em média, o tempo útil de jogo oscila entre os 50 e os 60 minutos. Ora, quebras e paragens de jogo, penso eu, é o pão nosso de cada dia do futebol. E quer dizer, acontece que é nos casos mais polémicos (como o golo de Lampard frente à Alemanha) onde se perde mais tempo e onde há mais sururus. Logo aqui, perdendo 5 segundos a ver as imagens (em vez para aí dos 30 segundos que 22 jogadores andaram de roda do fiscal de linha e do árbitro com ar de assustado), o lance teria sido validado imediatamente. Se me dizem que o recurso ao vídeo fizesse com que o jogo em vez de 50 ou 60 minutos passasse a ter 30 ou 40, eu simplesmente não acredito nisso.


Isto nos polémicos. Nos não polémicos, e para não ferir susceptibilidades àqueles que acham que o recurso ao vídeo iria parar muito o jogo, julgo que a regra usada no ténis é bem sensata. Pode recorrer-se ao vídeo (no caso do ténis, o olho de falcão) 3 vezes. Se a decisão for em nosso prol, então não se gastou essa vez. Se o recurso ao vídeo mostra que a equipa que pediu o recurso não tem razão no lance, a vez foi gasta. Esta seria uma forma, seguindo as pegadas do ténis (jogos diferentes, mas a lógica aqui seria exactamente a mesma...), em nome de um futebol mais justo, mais verdadeiro, mais rigoroso.


Em nome também de uma maior transparência (tentando não correr agora o risco de parecer o Rui Santos) em matéria de dinheiro. Porque o futebol move milhões, e por vezes, uma decisão bem ou mal tomada, é a diferença directa entre, por exemplo, o Guimarães entrar numa Liga dos Campeões ou não, como aconteceu num fora-de-jogo mal tirado há dois ou três anos. É disto que falamos. E o simples recurso ao vídeo teria tornado os cofres do clube minhoto mais cheios. Não pode o espectador em casa ter o recurso ao vídeo constante, assistindo a um jogo, e, depois no campo, existe outro completamente diferente. Chega.