sábado, 7 de maio de 2011

O contraditório

Da autoria do Mr. Steed. E que contraditório!



As estórias que andamos a tentar impingir aos finlandeses...


Os fenícios, os gregos, os romanos, os vândalos, os suevos e os visigodos passaram por cá e por inúmeros outros lugares.

Se 20% da população luxemburguesa é de origem portuguesa, se Paris é a segunda cidade com maior número de portugueses, se existem mais portugueses fora do país do que em Portugal, isso é motivo de orgulho porque...?

Nós não inventamos nem a "maritime compass" (seja lá isso o que for) nem sequer o astrolábio. A descoberta foi árabe e aperfeiçoada por um judeu espanhol chamado Abraão Zacuto.

Também não inventámos o canhão de carregar pela culatra. Surgiram primeiro em França.

A vela latina foi inventada pelos árabes.

A salga do peixe é usada em diversas partes do mundo desde tempos imemoriais porque se tratava de uma forma eficaz de preservar o pescado.

A tecnologia da Via Verde foi criada na Noruega.

Se somos o país com menor número de patentes em todo o mundo isso é, na verdade, algo negativo.

Arigato não é uma palavra de origem portuguesa. Tem origem em arigatai.

Existem palavras japonesas que tiveram origem no português? Sim, bastantes: "botan" (botão), ou "bôru" (bolo), por exemplo.

O decreto de abolição da escravatura é de 1761 (e não de 1751) e aboliu a escravatura apenas em solo português. Em meados do século XIX ainda andávamos a assinar tratados em que prometíamos pôr fim ao tráfico de escravos a sul do Equador. Chegámos mesmo a permitir que os ingleses efectuassem buscas em navios de bandeira nacional.

Praticamente todas as culturas com forte presença do porco na sua culinária comem "o porco todo" e têm pratos com as entranhas do bicho.

Napoleão não falhou as três invasões de Portugal. A primeira foi bem sucedida e provocou a fuga da Corte para o Brasil.

Nessa altura, Portugal nem sequer tinha um exército organizado para fazer face aos invasores.

Foi apenas graças a uma força expedicionária britânica que os franceses retiraram do país. Essa mesma força repeliu outras duas invasões e ajudou a reorganizar o exército português cujas unidades eram, em muitos casos, enquadradas por oficiais britânicos.

Se for verdade que o rendimento do rei de Portugal no séc. XVIII era 30 vezes superior ao do rei de Inglaterra isso apenas comprova a má gestão que foi feita da riqueza proveniente do Brasil enquanto a Inglaterra construía o seu império.

O Hóquei em Patins é popular em vários países que têm partilhado títulos com a selecção portuguesa, nomeadamente a Itália, a Espanha e a Argentina.

Temos a aliança mais antiga do mundo e levamo-la muito a sério. Os ingleses também.

Após as invasões francesas tornaram-se numa força ocupante e tentaram assumir o controlo do país.

No final do séc. XIX ameaçaram-nos com uma guerra se insistíssemos em unir as colónias de Angola e Moçambique.

A letra do nosso hino nacional continua a incitar os portugueses a pegar em armas e marchar contra os canhões britânicos.

Por mais que nos custe, não foi a manifestação dos portugueses que levou a Indonésia a abandonar Timor-Leste.

Por fim, a campanha de recolha de roupas e cereais realizada em 1940 só aconteceu porque Salazar quis apoiar um aliado da Alemanha Nazi que lutava contra as tropas comunistas de Estaline.

Esse aliado de Hitler era a Finlândia.

Não sei o que é mais preocupante, se a quantidade de pessoas que acreditam nestes mitos - semelhantes aos que polulavam nos livros de história do Estado Novo - se o facto de ser assinado por um organismo público, a Câmara de Cascais.


E já agora, o Mr. Steed fala no Hóquei em Patins e da sua força noutros países (o que é verdade) e há que acrescentar também que o CR7 não é necessariamente melhor que Ronaldo Fenómeno. Duvido até que o seja, se os compararmos. A começar pelas duas Bolas de Ouro que Ronaldo Fenómeno tem (tem três, se contarmos com o prémio FIFA de 1996), entre outros títulos.

8 comentários:

Unknown disse...

custa me ver um Português contra o seu país, contra os factos históricos, pode nem tudo ser verdade no video mas não é tudo mentira. Acima de tudo devemos ter orgulho no nosso país, e fazer com que ele seja respeitado lá fora, mas para isso é preciso que os Portugueses acreditem no seu próprio país e lutem por ele.

a Finlândia fez um video idêntico http://lopaulos.blogspot.com/2011/05/retaliacao-da-finlandia.html

Abraço e Boa semana

André disse...

Fábio, aqui ninguém está contra o seu país. Como chegaste a essa conclusão? Tenho muito orgulho no meu país, sobretudo do nosso passado que outrora foi grandioso. Hoje não é grande espingarda mas tenho noção que não somos dos piores do planeta.

Agora, se há coisa que sou é "científico". Se 1+1=2 então não há necessidade de dizer que é 3. O link abaixo dá mais exemplos.

http://estadosentido.blogs.sapo.pt/1550557.html

No meu Facebook tive oportunidade de opinar mais a fundo sobre o vídeo e este contraditório. Eu aqui no blogue limitei-me a mostrar ambos, mal opinei.

A verdade é que este contraditório não detém uma verdade absoluta, tal como o vídeo não a detém.

Quanto ao vídeo da Finlândia, eu cá gostei bastante também.

E tu? ;)

Não me digas também que achaste um "vexame" para Portugal, como no blogue do link acima link disseram...

Um abraço

André disse...

Já vi que achaste fraquinho. Sim, em termos de concepção é claramente inferior. Já em relação ao conteúdo, vale o que vale (como o nosso). E vai na volta o vídeo nem foi feito por finlandeses (como já se anda a dizer).

Rapha disse...

haha so vi à pouco o video... e realmente houve factos que foram novidade, outros q pensei logo que estavam incorrectos, outros q n interessam a ninguém ou outros que nem são motivo de orgulho.


e essa do 1+1 serem 3 fez me lembrar outra situação que vi no outro dia de um certo grupo numa conferencia de imprensa do festival da eurovisão, a auto proclamarem se os responsáveis de mandar o governo socrates para rua por causa da manifestação que aconteceu uns dias antes. sim... espera aí que foi so mesmo esse o motivo.

Na minha opinião o que realmente precisamos é de concentrar esta capacidade de sobrevalorizar o passado (que ja não nos dá nada) e de sermos pessimistas por natureza, em outros valores.

Atenção que também tenho muito orgulho no nosso país! So para dar uma situação, este fim de semana estive em Coimbra, na queima, para voltar a sentir um cheirinho de quando lá estava... e posso dizer que voltei a reviver alguns dos motivos que me fizeram ir para la em primeiro lugar, mas o principal foi sem duvida que o que se vive lá, não se vive em mais lado nenhum no mundo, mesmo depois de estudante houve alturas em que voltou um certo arrepio. Também posso dizer que Lisboa é uma cidade brutal e só tenho mesmo pena é que hajam tantos edificios a cair aos bocados. Porto e Gaia também fazem um cenário que não se vê em mais lado nenhum e para mim das coisas mais deliciosas que temos ouvir aquele sotaque caracterisco vindo de uma bela nortenha. Podia estar aqui ate amanha a inumerar o que temos de bom, mas o ponto que quero chegar é que se calhar não há necessidade de ir la atras, nem dizer que comemos o porco todo (WTF!?), para gostar mais e ter bons motivos para lutar pelo nosso rectângulo.


lol se calhar entusiasmei me de mais, desculpa os erros de pontuaçao e tal. :P abraço

Alice disse...

Esta história dos Vídeos parece-me a mim uma zanga de Comadres que se atacam por razões que nada têm que ver com as "armas" que utilizam!
Porque razão alguém acha que o nosso enquadramento histórico, mais ou menos enfabulado, é importante para o caso da ajuda económica? E o que é que interessa para este assunto que as mulheres finlandesas sejam bonitas?

André disse...

Rapha, obrigado pelo input e pelo entusiasmo. Tens razão.. poderíamos ficar a horas aqui a dizer o que Portugal tem de bom. De facto neste contraditório ninguém está a criticar Portugal mas antes o vídeo somente.

Alice, as tuas perguntas são pertinentes..

Penso que bem espremido a resposta será qualquer coisa como: para o caso, interessa muito pouco.

S' disse...

Tinhas que vir meter nojo? xD
pode não ser completamente verdade, mas português que é português tem que defender a sua bandeira.

(se bem que eu não tenho muita moral, vou calar-me)

André disse...

E eu defendo a minha bandeira, mas não contra tudo e contra todos :)